E então ele chegou: por mais que eu tenha corrido e se negado a deixar ele entrar, por mais que tenha lembranças de outros dias e por mais que tenha cicatrizes ainda recentes (e outras nem tanto) no coração. Ele não quis saber e teimoso feito criança alegre invadiu o recinto mesmo assim. E daí pra frente tudo virou esperança, mesmo sem querer. E daí pra trás, tudo acabou virando apenas um monte de lembranças..
No começo foi aquela vertigem confusa, um rodamoinho de cores e uma dor de cabeça insana por tentar escapar, mas enfim tudo se estabiliza e volta aos eixos, mas não da mesma forma que era: passei a ter uma percepção melhor das coisas, porque me parece que o sol brilha e esquenta mais, dá pra ouvir o barulho dos passarinhos alegres e as nuvens que até então tinham sido simples denúncia de vapor no céu, passam a ter desenhos perfeitos.
As pessoas me parecem mais simpáticas, ou sou mais simpática com as pessoas, que seja. O que vale é que há sempre um sorriso, mesmo que não haja demonstração física disso, mesmo que esse sorriso seja apenas de mim para mim mesmo.
E ainda tem esse fator extra que melhora as coisas de uma forma quase absurda: há alguém do meu lado, alguém com as mãos entrelaçadas nas minhas, alguém que sente o mesmo que eu, ou que pelo menos sente coisas muito parecidas e isso causa uma sensação tão grande de conforto, de segurança, que seria capaz de fazer coisas que nunca havia cogitado em fazer só pra te ter cada vez mais perto.
E mesmo que eu me sinta louca, desestabilizada, incompreensível e alguém cheia de manias e dúvidas, as mãos continuam corajosamente entrelaçadas nas minhass, os abraços continuam sendo apertados como se não houvesse defeito algum, como se não importasse nem um pouco a minha neurose que sozinha é mais feliz, porque mesmo ela sendo uma baita esquisitice, surge algo que chama aceitação, misturada a uma grande parcela de carinho. Um carinho que eu não sei nem explicar porque existe, Isso sem falar na felicidade que invade o meu lar, invade os meus olhos - eles denunciam, pelo brilho, que agora sou uma pessoa plenamente feliz -, é quase um escândalo o que acontece comigo, finalmente dá para contar sobre os meus planos, dá para falar besteiras sem medo, dá pra ter a cara amassada de sono ou inchada de chorar e para usar uma camiseta que seja parecida com um pijama e ainda assim ter um olhar de admiração acompanhando cada passo que eu de.
Mas não adianta ficar falando aos quatro ventos sobre o sentimento - mesmo que dê vontade de falar sem parar - porque ainda há, no mundo, pessoas que não sentiram o mesmo que eu, mas pouco me importa porque no momento, aquelas mãos continuam atadas firmemente às minhas...
2 comentários:
Durante tanto tempo senti falta de mãos entrelaçadas as minhas ...
Q lindo, Iarinha! Eu tb quero me sentir aceita apesar de todos os meus defeitos...=/
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